sexta-feira, 4 de março de 2016

Lula X Lava Jato

Luís Inácio Lula da Silva
A PF (Polícia Federal) iniciou na manhã desta sexta-feira (4) a 24ª etapa da Operação Lava Jato, que mira o ex-presidente Lula. Batizada de Aletheia, que significa “busca da verdade”, a operação foi realizada em imóveis de Lula e de sua família, como a residência do ex-presidente em São Bernardo do Campo (SP), a sede do Instituto Lula, o apartamento no condomínio Solaris, no Guarujá, e o sítio em Atibaia. A casa de Fábio Luis, filho de Lula, também foi alvo da PF.

Fábio Luis Lula da Silva
As razões para a ação são a compra e a reforma no sítio frequentado por Lula em Atibaia, no interior de São Paulo. Os investigadores levantam o fato de a mudança de Lula ter sido transportada para o local quando ele deixou a Presidência em 2010.

A força-tarefa da Lava Jato também quer entender a relação desses episódios com empreiteiras investigadas na Lava Jato, além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS.
A operação foi batizada de Aletheia em referência à expressão grega que significa busca da verdade. Cerca de 200 policiais estiveram nas ruas e 30 auditores da Receita para cumprir 44 ordens judiciais, entre elas 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
O depoimento de mais de duas horas prestado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Pavilhão de Autoridades, ao lado do aeroporto de Congonhas, abordou assuntos como as palestras proferidas por ele e o seu eventual envolvimento com o triplex do Guarujá, o sítio de Atibaia e outros bens.
Ele também teve que falar sobre a relação que mantinha com outros membros do PT, entre eles o ex-tesoureiro João Vaccari Neto e José Dirceu, disse nesta sexta-feira (4) o deputado federal Paulo Teixeira (PT), vice-líder do governo na Câmara.
Teixeira acompanhou uma parte do depoimento, ao lado de três advogados que representavam Lula. Dois procuradores conduziram o depoimento.
Lula, segundo Teixeira, manteve serenidade durante o depoimento, mas também reagiu com indignação quando questionado sobre assuntos como pedalinhos de seus netos. Ele também explicou que seus bens estão declarados em seu Imposto de Renda.
A força-tarefa da Operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo central da Operação Aletheia, 24ª fase, para depor coercitivamente na manhã desta sexta-feira (4) diz ter "evidências" de que ele recebeu valores desviados da Petrobras.
"Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras", informa a força-tarefa da Lava Jato.
Seriam pelo menos R$ 4,5 milhões em lavagem por meio do Sítio Santa Bárbara em Atibaia e por meio do tríplex no Guarujá, localizados no Estado de São Paulo.
"não deve e não teme".
O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), explicou que atendeu ao pedido do MPF (Ministério Público Federal) para ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar manifestações e tumultos, como os que ocorreram no "Fórum Criminal de Barra Funda, em São Paulo, quando houve confronto entre manifestantes políticos favoráveis e desfavoráreis ao ex-Presidente e que reclamou a intervenção da Polícia Militar".
Mesmo com a intenção de evitar tumultos, manifestantes pró e contra o ex-presidente se enfrentaram no aeroporto de Congonhas na manhã desta sexta-feira (4).
Moro disse que o uso de um mandado de condução coercitiva só seria necessário caso o ex-presidente negasse prestar o depoimento para a Policia Federal.
"Evidentemente, a utilização do mandado só será necessária caso o ex-Presidente convidado a acompanhar a autoridade policial para prestar depoimento na data das buscas e apreensões, não aceite o convite."
O juiz indeferiu o pedido de condução coercitiva da mulher do ex-presidente, Marisa Letícia, e que o depoimento dela será agendado posteriormente.
"Em relação ao pedido de condução coercitiva de Marisa Letícia Lula da Silva, indefiro. Em relação a ela, viável o posterior agendamento do depoimento com a autoridade policial, sem que isto implique maior risco à ordem pública ou a terceiros."
Marisa Letícia Lula da Silva
Lula também avisou que não tem problemas em esclarecer as dúvidas porque "não deve e não teme".
— Eu acho que só existe uma intenção desse comportamento da Justiça, desse comportamento que foi colocado hoje pelo Ministério Público. É muito grave porque eu já fui fechar vários depoimentos da Polícia Federal, do Ministério Público. [...] Eu suspendi as férias para ir a Brasília prestar um depoimento a convite da PF. Portanto, se o juiz [Sergio] Moro ou o Ministério Público quisesse me ouvir, era só ter mandado um ofício que iria, como sempre fui, prestar esclarecimentos porque não devo e não temo.

Fonte: R7

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